quarta-feira, 25 de maio de 2011

O aerossol brasileiro

Finalmente notícias de que a indústria de aerossóis no Brasil vai caminhar. Até então, o Brasil não tinha facilidade na produção de gás propelente 100% inodoro, imprescindível para obtenção de antitranspirantes de qualidade. O que temos atualmente não atende a nossa demanda crescente. Nosso suprimento de gás propelente dependia basicamente das problemáticas importações do nosso vizinho, Argentina, a maior parte dos nossos produtos aerossóis é produzido e envasado lá. Um ganho para eles e claro, uma grande perda para nós. Além disso, a demora na entrega de, no mínimo, 180 dias sempre foi um gargalo.

Nossa Petrobrás manteve-se sempre em constante indiferente em relação a produção de gás propelente. Entretanto esforços de diversas associações relacionadas a essa indústria e, o mais importante, o aumento da renda dos consumidores das classes C e D (junto ao aumento do número de famílias que ingressaram nelas) promoveram um crescimento de 150% nas vendas de produtos acondicionados em aerossóis nos últimos 5 anos, segundo dados da Abas (Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários). Para se ter uma ideia, subimos de 282 milhões em 2005 para 702 milhões de unidades em 2010 e a previsão é que em 2012 cheguaremos a 1 bilhão.

Desodorantes aerossóis Niely Gold. 100% produzidos no Brasil.


Os consumidores passaram a comprar mais desodorantes aerossóis, substituindo os acondicionados em frascos plásticos "squeezable" (muito utilizado no Brasil e praticamente inexistente lá fora) pelos acondicionados em alumínio, de maior valor agregado e até mais prático de usar. Outra diferença é que os aerossóis podem ter "toque seco", ou seja, o jato é seco e não molha/umedece a pele como o do "squeeze".

Desodorantes aerossóis Niely Gold For Men. Tubos de alumínio e envase brasileiros.


O quadro mudou no 1º trimestre deste ano, foram lançados propelentes de alta qualidade por dois grandes supridores: Liquigás e Ultragaz. A primeira é controlada pela Petrobrás e lançou no final de fevereiro o Purogas, à base de propano e butano, derivado do gás liquefeito de petróleo (GLP). Pouco tempo depois, a Ultragaz apresentou um novo tipo de propelente com a marca "demexx", o dimetil-éter (DME), derivado do gás natural com características semelhantes ao GLP. O fabricante informa que o grande diferencial do DME é o fato de ser solúvel em água e emitir pouquíssimos compostos orgânicos voláteis (VOCs). São grandes investimentos que pretendem atender não só ao mercado crescente nacional, mas também ao restante da América Latina.

Medicamento em aerossol.
Medicamento em aerossol. Os itens de cuidados pessoais foram responsáveis pelo aumento do consumo interno.


Novas plantas estão sendo construídas pela Exal, que afirma ser a maior produtora mundial de tubos de alumínio para higiene pessoal. Em Jundiaí (SP) haverá uma fábrica onde funcionará ao mesmo tempo a produção de tubos de aerossóis e o enchimento dos mesmos. A inauguração está prevista para este ano e a produção estimada é de 600 milhões de unidades por ano.

Também apostando alto nesse mercado, a Colep CCL aliou-se à brasileira Provider, criando-se a joint-venture CPA - ColepCCL Provider Aerosol que terá sua primeira fábrica em Itatiba (SP). A planta terá capacidade para produzir 150 milhões de unidades por ano. Promete estar totalmente operacional ainda neste primeiro semestre de 2011, produzindo primeiramente aerossóis para o segmento de higiene pessoal.

Cosmético facial aerossol em tubo de alumínio da ColepCCL.


A terceira é a francesa Fareva Holdings que investiu U$ 10 milhões na construção de uma fábrica de cosméticos em Itupeva (SP).

A alemã Tubex também pretende construir uma fábrica no Brasil, provavelmente também em Itupeva (SP).

A Impacta, de capital suíço, presente no país desde 1949, produz atualmente tubos de alumínio e bisnagas em alumínio ou plástico na sua planta em Cajamar (SP). A empresa investiu no início do ano passado U$ 11,5 milhões em equipamentos para fabricação de tubos.

A Tubocap, com capital nacional, fabrica tubos e bisnagas de alumínio há 60 anos, está sediada no Butantã, bairro paulistano. A empresa investiu R$ 3 milhões em equipamentos e planeja construir uma nova planta no interior paulista.

Os aerossóis em aço também estão se beneficiando desse bom momento e os fabricantes estão otimistas. Geralmente as embalagens em aço são destinadas para produtos de cuidados para o lar, já que nos cuidados pessoais a lata de aço sempre enfrentou resistência por enferrujar em locais úmidos como banheiros, onde costumam ser utilizadas. Contudo isso está sendo superado, metalúrgicas como a Brasilata e a Cerviflan investiram em latas de aço para aerossóis com revestimento de películas de PET.

A Prada é outra importante produtora nacional de latas de aço para aerossóis que vem investindo. Adquiriu novos equipamentos, agilizando seu processo.

O futuro do aerossol no Brasil, antes obscuro e sem previsões muito otimistas, finalmente parece bastante promissor, estamos vendo uma luz radiante no fim do túnel. Com tantas notícias otimistas e tanto investimento em nosso país, espero sermos menos dependentes dos nossos "hermanos" o quanto antes.



Desodorizador de ambiente.
Embalagem aerossol em aço.
Repelente de insetos. Embalagem aerossol em aço.
Dados dessa postagem foram retirados da revista EmbalagemMarca - abril/2011.

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